“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de
que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta,
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua
oferta”. – Mateus 5:23,24
A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e
Deus, mas também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da
cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem
com Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de
Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.
QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO
O perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de
alguém. A reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de
Deus vai permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao
fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos
perdoará. Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. – Mateus 6:14,15
Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos,
e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende.
Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na
reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar,
interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação
vertical é comprometida pela ausência da horizontal. Cristo também nos advertiu
com clareza sobre isto em uma de suas parábolas (faladas num contexto que
envolvia o perdão):
“Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu
ajustar contas com os seus servos.
E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos.
Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga.
Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei.
E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves.
Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei.
Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.
Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?
E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida.
Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. – Mateus 18:23-35
E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos.
Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga.
Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei.
E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves.
Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei.
Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.
Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?
E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida.
Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. – Mateus 18:23-35
O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito
forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de
Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida
impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como
comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era
o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários
que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta
diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e
que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna.
Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou.
Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus
pecados e recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu
perdão revogado.
Isto é muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não
são nada perto das nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta.
E a premissa bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também
devemos perdoar a qualquer um que nos ofenda.
A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO
Quem não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18:34: “E,
indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a
dívida”. A palavra verdugo significa “torturador”. Além de preso, aquele homem
seria torturado como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o
que Jesus falou em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de
quem não perdoa. Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas
torturas aplicadas são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades,
debilidade física, etc.
Muita gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi
alguém dizendo que o ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um
pouco de veneno, esperando que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão
produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu. Por isso sempre
digo a quem precisa perdoar: – “Já não basta o primeiro sofrimento, porque
acrescentar um outro maior (a mágoa)”?
Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu
digo que o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o
perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A
doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da
pessoa ressentida é seriamente afetada. Em outra porção das Escrituras (onde o
contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o Senhor Jesus nos
advertindo do mesmo perigo:
“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com
ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial
de justiça, e sejas recolhido à prisão.
Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”. – Mateus 5:25,26
Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”. – Mateus 5:25,26
Não sei exatamente como é está prisão, mas sei que Cristo não
estava brincando quando falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender
a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que
esteve presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre.
Isto também pode acontecer com você, basta decidir perdoar.
SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO
Como deve ser o perdão?
Como deve ser o perdão?
A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê-lo para poder ser
perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos
uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. – Efésios 4:32
O texto bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal
deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta
perguntar: – “Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor
também não precisa fazer por merecer”.
O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver
com merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um
coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e
não por haver ou não benignidade no ofensor.
Jesus
disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo para
tentar a reconciliação. Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser
falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar.
Deus ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de
qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!
NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR
Certa ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que
existe para perdoar alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe
deu:
“Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas
vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes
sete”. – Mateus
18:21,22
O Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra
mim por quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os
comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a
números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para
perdoar.
Fico pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus.
Quantas vezes Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos
perdoar como também Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há
limite de vezes para perdoar!
O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM
Já falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o
perdão. E que demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um
outro texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá
vantagem ao diabo:
“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdoo; porque de fato o
que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na
presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não
lhe ignoramos os desígnios”.– II Coríntios 2:10,11
O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se
aproveitar da situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda,
que não ignorava as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava
dizendo que justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não
podia deixar de perdoar.
Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de
perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar. Que até mesmo o ofensor
pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com isso é o diabo, pois
passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do
ressentimento.
A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo
(Ef.4:27). Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem
possa tragar (I Pe.5:8), e que devemos resisti-lo (Tg.4:7). Mas quando nos
recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.
CONSELHOS PRÁTICOS
Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.
Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.
Primeiro, o perdão não é um sentimento, é uma decisão e também
uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por merecimento, logo, não
tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não me alegro por ter sido
lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional. Portanto, o
perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em
consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar. As consequências
da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do
que à emoção.
É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava
seus discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:
“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele
se arrepender, perdoa-lhe.
Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. – Lucas 17:3-5
Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. – Lucas 17:3-5
Naquele instante os discípulos reconheceram que para praticar
este nível de perdão iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado,
pois nos versículos seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais
se exercita (planta) mais ela cresce (se colhe).
É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais
do que aquilo que podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos
socorrer dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de
perdão.
Muitas vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar
alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a
ferida. Em provérbios 17:9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a
questão ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e
renovar somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente
seu perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!
É importante ver os ofensores como vítimas. Isto é algo especial
que vejo em Jesus na cruz:
“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem”. – Lucas 23:34
Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão deles.
Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão deles.
Acredito que este é um princípio para o perdão fluir livremente.
Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro mártir do
Cristianismo, também o fez:
“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes
imputes este pecado”. – Atos 7:60
Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de
seu ofensor (ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o
amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar
arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.
Por Pr. Luciano Subirá
Artigo
extraído do site www.orvalho.com
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